Isto de estar a fazer um Minor em Geologia sem nunca ter feito Geologia na minha vida – sim porque pelo menos as minhas aulas de Ciências Naturais do 7º ao 9º ano foram mal e porcamente dadas – tem muito que se lhe diga. E as ensaboadelas de Biologia que temos estado a levar é de deixar qualquer um – que também nunca tenha tido Biologia, porque aquelas aulas de Ciências nem nesta área foram bem dadas – em pânico. Mas apesar destes detalhes, estar a fazer este Minor tem estado a ser uma boa experiência, embora ainda só esteja a chegar à primeira metade do semestre agora.
Se é pouco tempo para comentar o meu aproveitamento neste Minor, estas semanas são mais do que suficientes para poder comentar as diferenças entre a faculdade onde estou agora (FCUL) e a faculdade onde tirei a minha licenciatura (FLUL). Começando pela inscrição. Eu não posso dizer que isto correu às mil maravilhas porque esta é sempre uma altura de grande confusão e azáfama, e além do mais continuo a achar que é altamente injusto só nos termos podido inscrever no primeiro dia de aulas, pois assim faltámos às primeiras aulas, ainda que estas tenham sido só apresentações iniciais. No entanto, não consigo dizer assim tão mal das inscrições na FCUL porque o atendimento foi muito bom, apesar da desorganização inicial – mas nada que já não seja característico de Portugal, infelizmente. Comparado com as inscrições na FLUL, na FCUL quem nos está a ajudar é bem mais prestável e realmente sabe o que está a fazer. E os problemas que tivemos na altura foram prontamente resolvidos. Na FLUL bem que podíamos penar para que isso acontecesse. Além do mais, a primeira impressão que tenho de todo o serviço académico/secretaria da FCUL é bastante bom, centenas de vezes bem melhor do que a secretaria da FLUL alguma vez sonhará ser.
Eu da praxe não posso dizer muita coisa porque, primeiro, nem sequer participei nela enquanto estive na minha licenciatura e, segundo, participar agora menos sentido fazia, ainda que seja uma nova aluna na FCUL. No entanto, como espectadora posso comentar uma coisa ou outra. O ponto comum é que há boas e más pessoas em ambas as praxes, embora eu seja levada a dizer que as praxes da FLUL são piores que as da FCUL. E eu digo isto pelo simples motivo que passando pelos grupos de praxes na FCUL, nós vemos a carneirada (sem ofensa pela expressão) de caloiros alegres e em jogos com os mais velhos, que aliás aparentemente até os levam às respectivas aulas. Mas depois passamos pelos grupos de praxes da FLUL e está tudo espalhado pela Alameda da Universidade, basicamente a serem tratados abaixo de cão e muitos são aqueles que são coagidos a faltarem às aulas. A minha opinião é completamente subjectiva, e como é óbvio, há praxes e praxes. Se calhar só vi a parte má de uma e a parte boa da outra, se calhar as praxes do meu curso na FLUL são apenas um mau exemplo, mas a verdade é que a imagem que vem para o exterior vale às vezes muito mais do que outra coisa qualquer. Esta é simplesmente a opinião de quem vê os acontecimentos como terceiro e que foi acumulando ao longo de três anos os comentários de quem esteve nas praxes. É basicamente uma opinião para não levar à letra, mas que não resisti a fazer.
As aulas é que são o factor de maior diferença entre ambas as faculdades. Em primeiro lugar, na FLUL só existem aulas teórico-práticas, nas quais ainda estou até hoje para entender qual é que era a parte prática – devia ser o uso de powerpoints só pode – enquanto que na FCUL existem aulas teóricas, aulas teórico-práticas e aulas práticas laboratoriais (basicamente as aulas práticas propriamente ditas). Esta diferença origina, por um lado, a favor da FLUL, uma discrepância nos horários e na carga semanal de aulas e, por outro lado, a favor da FCUL, um maior aproveitamento e uma melhor abordagem às aulas. Como podem ver pelos dois horários abaixo (que mostram um possível cenário para os alunos de primeiro ano de Arqueologia e Geologia, respectivamente), eles são bastante diferentes, embora sejam ambos horários de cinco cadeiras. O facto de só existirem aulas teórico-práticas e de estas durarem apenas 4h/semana, faz com que na FLUL a carga horária seja mais pequena. Em média, cada cadeira na FCUL é de 5h/semana, o que no final da semana perfaz uma diferença entre 20h/semana e 25h/semana. Cinco horas de diferença pode não parecer muito mas garanto-vos que faz toda a diferença, mal que não seja no tipo de horário que conseguem arranjar – eu por exemplo, agora na FCUL, tenho uma segunda-feira das 8h às 18h que é um pesadelo. No entanto, o facto de existirem esses três tipos diferentes de aulas na FCUL permite que a matéria seja melhor dada, porque cada aula possibilita o estudo de matérias especificas. Por exemplo, eu estou a fazer uma cadeira – Estratigrafia e Geohistória – em que cujas aulas teóricas damos efectivamente estratigrafia e geohistória, mas nas aulas teórico-práticas e práticas laboratoriais já damos micropaleontologia. Além do mais, ambas as aulas práticas são não só boas oportunidades de realmente contactarmos com a matéria que estamos a estudar, em vez de estarmos só abstractamente a ouvi-la, como também são boas oportunidades de vermos as nossas dúvidas sobre a matéria esclarecidas, porque como muito bem disse um professor meu, a iniciativa para aprender tem de sair de nós. Para além de tudo isto, a FCUL tem uma grande vantagem: o facto de as aulas teóricas serem apenas de 1h. Pode parecer pouco tempo especialmente se estivermos habituados ao modelo de aulas de 2h, mas honestamente 1h é quanto basta. Se elas forem bem organizadas, há tempo suficiente para dar toda a matéria, e deste modo conseguimos aproveitar muito melhor as aulas porque acabamos por não perder muita da nossa concentração. Enquanto estive na FLUL, com aulas de 2h, era muito frequente perder a concentração várias vezes ao longo da mesma. E as aulas práticas são muito mais didácticas e interessantes. Estas aulas são sem dúvida um plus.
E continuando no tema da aulas, mas agora referente às instalações de ambas as faculdades. As salas ditas normais penso que são a mesma coisa – isto se excluirmos os laboratórios na FCUL, por isso a diferença encontra-se mesmo nos anfiteatros (quer os maiores, quer os mais pequenos). Enquanto eu estive na FLUL, os anfiteatros eram todos de madeira e o completo oposto de serem novos, e era impossível não ficarmos com dores de costas ao fim do dia porque as mesas são fixas e encontram-se afastadíssimas dos nossos assentos. Agora na FCUL, os assentos nos anfiteatros são todos almofadados e bastante confortáveis – algumas cadeiras parecem que foram mesmo retiradas da sala de cinema mais próxima -, para além do facto de que as “mesas” (não sei bem o que lhes chamar) são movíveis, o que facilita estarmos com uma melhor postura nas cadeiras. O único senão da FCUL são os bancos dos laboratórios, mas em relação a isso não há nada a fazer porque banco de laboratório é desconfortável aqui ou na China ou na Lua. E vá, um dos anfiteatros da FCUL já precisava de um projector com uma melhor definição, mas mesmo assim, se todos os problemas fossem esse…
E, por último, que este post já está gigante, sobre os professores… Até este momento estou bastante satisfeita com os meus professores todos. De um modo geral, os professores que tenho agora na FCUL são mais simpáticos e acessíveis, mais organizados e pontuais (e bastante mais assíduos), e explicam bem melhor do que os professores que eu tive na FLUL – que não eram péssimos mas eram umas personagens difíceis de se lidar com. A melhor parte dos meus professores na FCUL é talvez o facto de terem um maior à vontade na maneira como dão as aulas e de estas serem dadas num formato muito mais informal, o que até origina um belo par de piadas aqui e ali – não é que estejamos ali para brincar, mas este ambiente mais descontraído torna as aulas muito mais interessantes e facilita a aprendizagem da matéria. Até aulas teóricas se tornaram bem mais interessantes. Indo um pouco mais longe, é a diferença em nos tratarem como iguais na FCUL e de nos tratarem como seres de uma casta inferior na FLUL.
Para finalizar mesmo, ao fim de seis semanas, eu estou a gostar bastante deste Minor e da FCUL em geral. Não é que eu não gostasse do curso que tirei – anteriormente na FLUL – mas saio muito mais satisfeita e interessada destas aulas do que alguma vez saí enquanto estava a fazer a minha licenciatura – vá vamos excluir as aulas de uns certos professores, nomeadamente dois, que sempre foram interessantes. E cada vez mais acho que deveria era ter feito Ciências e Tecnologias no Ensino Secundário e não Línguas e Humanidades. Enfim vou continuar a bater nesta tecla até não poder mais, mesmo que saiba perfeitamente que já não há nada a fazer em relação a este aspecto.