Ensino Superior: estudar e viver fora de casa

Esta ainda não é uma tradição muito vincada em Portugal mas já começa a ser bem mais frequente nos dias de hoje. Quem vive nas, ou perto das, grandes cidades universitárias geralmente ingressa nessas instituições, e esta mudança acaba apenas por ser verificar para quem não tem uma universidade perto de si, ou para quem prefere uma instituição muito específica e que fica longe de casa. E depois temos aqueles casos de pessoal mais maluco – não me levem a mal por esta expressão que aqui é dita com o maior dos carinhos – que decide ir estudar para o estrangeiro. Como estive a estudar nos Países Baixos no ano lectivo passado, pensei que esta seria uma boa altura para abordar este tema. Estudar fora de casa tem muito que se lhe diga – especialmente quando estamos totalmente fora da nossa zona de conforto – por isso espero que este post vos possa dar umas quantas dicas para me se ambientarem a esta nova realidade.

#You’re not alone
Esta é talvez das expressões mais cliché que existem e que serve para mais de mil e uma situações, mas é também uma das melhores coisas que vos podem dizer nesta altura. Quer seja em universidades no estrangeiro – em que é bem mais comum ter-se centenas e até mesmo milhares de alunos de todos os cantos do Mundo – quer seja em universidades nacionais, o que não falta são alunos que estejam a estudar fora de casa. É certo que isto é algo de que à partida não temos conhecimento porque não andamos propriamente com o nome da nossa terra natal gravado na testa, mas o mais provável é que os vossos colegas de casa também venham de longe. A ansiedade, a incerteza, a desconfiança e o stress por estarem numa cidade (ou país também) desconhecida e completamente nova não vos afecta apenas a vocês, mas qualquer pessoa que esteja na mesma situação que vocês – ainda que cada pessoa seja como cada qual. O que eu quero dizer com isto é que literalmente vocês não estão sozinhos, e durante os primeiros dias podem-se apoiar especialmente nestas pessoas. O que me leva para o próximo ponto…

#Don’t hide away from people and life
Uma das primeiras coisas de que me apercebi quando fui estudar para os Países Baixos é que não vale a pena isolarmo-nos na nossa bolha. Aliás esta é das coisas mais prejudiciais que podemos fazer a nós próprios. Se já tiverem e souberem quem são os vossos colegas de casa, aproveitem para se conhecerem todos melhor uns aos outros, aproveitem para conhecer a cidade e o campus universitário, ou para fazerem qualquer outra actividade em grupo. E mesmo que não conheçam ninguém, façam estes pequenos passeios por conta própria. Acima de tudo o importante é que não se isolem durante os primeiros dias, porque isso só vos vai fazer sentir pior e com mais saudades de casa. Quanto mais ocupados tivermos menos tempo damos à nossa cabeça para pensar nestes problemas.

#A good cry never hurt anyone
Mas está claro, nem tudo será um mar de rosas. Com mais ou menos frequência, há momentos em que o nosso espírito estará mesmo em baixo e o melhor é mesmo não fugirmos disso. Em dias como estes, o melhor é mesmo não forçarmos muito e acabarmos por dedicarmos algum tempo a nós mesmos. Aproveitem para fazer uma saída a noite, ou passaram a tarde num museu ou centro comercial na companhia de alguém, ou passarem uma noite no cinema. Mas se preferirem passar estes momentos sozinhos, aproveitem para ver as vossas séries ou filmes favoritos, aproveitem para ouvir música ou ler. O que importa reter aqui é que, por pior que o dia vos esteja a correr, a verdade é que tudo tem uma solução. And when everything else fails…

34#Skype will be your new best friend
Uma das razões pelas quais os meus níveis de saudades de casa e da família foram baixando à medida que o tempo passava foi por causa do skype. Quer o usem todos os dias, dia sim dia não, uma vez por semana ou uma vez por mês, esta é uma óptima maneira de matarem as saudades frequentemente sem levarem ninguém à falência.

#Leaving home will be a nightmare
Isto aplica-se sobretudo a quem está a estudar no estrangeiro e vai passar as férias de Natal a casa. Se os vossos exames forem tarde no mês de Janeiro – ou se não os tiverem de todo -, acaba-se por poder prolongar as nossas férias em casa e assim habituamo-nos mais uma vez à nossa zona de conforto. E depois quando se regressa ao local onde estamos a estudar, estamos mais uma vez na estaca zero. Mas uma coisa é certa, sabendo o drama que pode ter sido da primeira vez e sabendo que tudo acabou por correr bem, esta segunda saída de casa corre muito melhor.

#But in the end we’re all different
E isto porque cada um de nós lida com as saudades de casa de modos diferentes, e porque nem todos sentimos a mesma quantidade de saudades de casa. Para quem esteja habituado a sair da sua zona de conforto, ir estudar para fora de casa, quer seja no país de origem ou mesmo no estrangeiro, pode ser uma tarefa mais fácil do que para quem não está habituado a mudanças deste género. Este tópico não é bem uma dica; é mais um pequeno comentário para algumas mentes mais pequenas, especialmente centrado nos casos em que os alunos estão a estudar no estrangeiro. Lá porque alguns podem e vão a casa várias vezes ao ano, não quer dizer que toda a gente o possa fazer. Nem toda a gente tem os mesmos recursos financeiros e alguns só conseguem ir a casa nas férias de Verão. E além do mais, chega-se a um ponto em que já estamos habituados a estar fora de casa. É que ficarmos mais meses sem irmos a casa não faz de nós pessoas insensíveis; simplesmente já estamos a cria uma segunda zona de conforto fora das nossas casas e famílias, e nem sempre vale a pena (especialmente financeiramente) ir a casa a toda a hora.

#Please follow common sense guidelines
Especialmente se partilharem uma casa ou um quarto com alguém. Para quem não tem a sorte de poder alugar ou comprar uma casita só para si, é aconselhável que se mantenham o mais civilizados que poderem. Falo por experiência própria quando digo que é chato partilhar a casa com alguém que não conhecemos, especialmente porque as pessoas têm hábitos diferentes dos nossos, e nem sempre são compatíveis com o nosso modo de vida. Algumas dicas de senso comum:
– limpem a cozinha após a terem acabado de usar; ninguém quer preparar a sua comida nem comer no meio do lixo dos outros.
– e digo o mesmo para a casa de banho; especialmente para as raparigas, porque perdemos imenso cabelo facilmente, apanhem os fios de cabelo da banheira se esta for partilhada, para além de mencionar que todos deverão manter o resto do espaço limpo.
– e, por favor, arrumem a vossa tralha que também ninguém quer andar no meio da vossas coisas só para chegarem ao outro lado da divisão, especialmente se estiverem a partilhar o quarto com outra pessoa.

#Student Residences
Sobre este tema não há muito a acrescentar, ou pelo menos eu não sei que dizer mais. Podem ler uns posts aqui e aqui sobre a minha experiência numa residência quando estive a estudar e a viver nos Países Baixos. E deixo-vos aqui com este post da Raquel (do Meek Sheep) sobre a sua experiência mas em terras lusas.

#I wanna travel the world
Estar a estudar fora de casa é basicamente a desculpa ideal para viajar e conhecer o mundo à nossa volta, especialmente quando nos mudamos para um outro país. Para mim viajar, ainda que a curtas distâncias, é uma mais valia e uma óptima maneira para conhecermos outras culturas. Para quem vai estudar para o estrangeiro é aproveitar logo este detalhe e ficar a conhecer as cidades em volta daquela onde estudam. E isto para além de que têm hipótese de conhecer uma cidade inteiramente nova para vocês. Agora convém é que não façam como a minha pessoa que criou imensas expectativas em relação a isto – há países em que não sai nada barato andar a viajar muito, apesar de valer sempre a pena.

#How much clothing should I pack?
Esta questão depende muito da distância a que fica a cidade para onde vão estudar e que meio de transporte é que vão usar para lá chegar. Se as distâncias forem curtas (até mesmo para quem vai estudar para o estrangeiro, por se viver perto da fronteira) e fizerem as viagens de carro ou comboio – onde não há claramente um limite de quilos por mala ou um limite de malas que podem levar – podem levar mais tralha convosco. Porém, quando as distâncias forem maiores ou tiverem de fazer as viagens sempre de avião, o melhor é optarem por levarem apenas o necessário. Primeiro porque paga-se e bem por quilos a mais na bagagem de porão – e eu bem sei do que falo porque enchi sempre demasiado a minha mala. E segundo porque quantas mais malas e quanto mais pesadas estas forem, mas dificuldade temos em movimentarmos-nos nos aeroportos e outros transportes. Nestes casos é uma boa ideia levarem convosco as roupas separadas por estacões. Por exemplo, ao irem em Setembro levem maioritariamente roupa de Inverno (especialmente se forem para uma cidade com um Inverno rigoroso), e optem por levar a maior parte da roupa de Verão na viagem de regresso depois das férias de Natal. Para quem não possa fazer esta viagem a casa, o melhor é escolher mesmo quais são as peças de roupa essenciais e levar estas consigo.

243#What not to pack
Penso que este tópico funciona melhor para quem vai estudar para o estrangeiro, ou simplesmente para universidades bastante distantes da sua cidade natal, uma vez que nem sempre é aconselhável levar toneladas de coisas connosco. Impressoras, scaners e afins até podem ser bastante úteis, mas hoje em dia todas as faculdades têm reprografias e algumas até praticam uns preços simpáticos, e com a quantidade de informação digital que é usada, cada vez menos recorre-se ao papel. Se tiverem algum destes aparelhos a mais em casa e os possam levar com vocês é capaz de compensar, de outro modo penso que não vale o transtorno que é transportá-los. E o que acabei de dizer também se aplica a utensílios de cozinha. Nestes casos, quando se vai estudar para o estrangeiro, compensa mais comprar-se estes utensílios lá, do que levá-los já desde casa.

#Make it your home away from home
Uma maneira fácil de transformarem os vossos novos quartos ou casas em espaços mais confortáveis e acolhedores é levando um pouco de vós para lá. Se tiverem sobretudo espaço para transportar uns itens extra, podem optar por levar convosco umas almofadas, uns postais ou fotografias, uns posters ou cartazes, ou quaisquer outros itens de que se lembrem que possa transmitir a sensação de que ainda estão no vosso antigo quarto.

Assim de repetente não me ocorre mais nenhum detalhe para mencionar aqui, mas não deixo de achar que me estou a esquecer de algo essencial. Por este motivo deixo este post em aberto mais quaisquer questões ou pontos de discussão acerca deste tema.

Random | Quem é que pensou que trabalhos de grupo são uma boa ideia?

Das piores coisas que me podem dizer nas aulas de apresentação das cadeiras é que uma parte da avaliação passa pela realização de um trabalho de grupo. É que instantaneamente começo logo a ver a minha vidinha a andar para trás. É muito bom ter-se mais do que uma cabeça a pensar sobre o mesmo assunto, mas são mais os inconvenientes do que as vantagens destes trabalhos.

Enfim… Este pequeno preâmbulo para dizer que numa das cadeiras que estou a fazer este semestre, uma parte da avaliação prática vai-se centrar num trabalho de grupo. Para alguns isto até soa bem porque assim vêem uns quantos elementos do grupo a fazerem o trabalho por eles, mas o prof. fez logo questão de dizer que os elementos de um mesmo grupo não têm de ter obrigatoriamente a mesma nota.

O que na minha mente significou logo:

240Numa outra situação qualquer, uma pessoa até que acabava por ficar calada caso um dos elementos (ou mais nos casos mais extremos) não fizesse nada do trabalho. Mas dito assim pelo prof. está como que aberta a autorização para darmos com a língua nos dentes, caso alguém dê para ser calão.

Eu tenho quase a certeza que isto não irá acontecer neste caso. Esta é uma cadeira de 4o ano – abençoados sejam os cursos que se livraram da estupidez que foi aquele Tratado de Bolonha – por isso penso que o pessoal seja mais responsável. Assim, neste caso, para conseguir destacar-me – positivamente está claro, que o contrário não interessa a ninguém – vou ter de dar asas ao que eu chamo de engraxamento indirecto. Muitas vezes mostrar um interesse extra pela matéria – ou neste caso pelo tema do trabalho – é uma mais valia para nos destacarmos positivamente. Está na altura de arregaçar as mangas e meter mãos à obra – ou seja, a ver se começo efectivamente a estudar ainda mais da matéria, para poder ter alguma coisa com que discutir com o prof.

Para já estou satisfeita com o grupo que consegui arranjar, uma vez que não fiquei com os restos. E a parte mais engraçada – ou não, que isto vai ser mais um pesadelo do que outra coisa qualquer – do nosso projecto é que não vamos usar nem um nem dois, mas sim três métodos de análise. Como só estou a fazer duas cadeiras este semestre graças ao Minor, até que não me importo que o nosso projecto dê mais trabalho, e assim até me dá oportunidade de aprender mais e melhorar algumas técnicas que aprendi no semestre passado.

Desabafo #25

209Eu acho piada que, apesar de todos os anos atingir um ponto de desespero em relação aos meus estudos – normalmente nas épocas de exames, mas também quem é que não entra, nem que seja só ligeiramente, em modo de pânico nestas alturas -, a verdade é que esta tem sido a minha vida desde os seis anos e assim continuará por muitos mais – se tudo correr bem nos tempos mais próximos. A verdade é que este Minor é já o meu 17º ano seguido de escola/universidade – nos quais não houve quaisquer repetições de anos escolares. Neste momento não sei bem o que me deixa mais perplexa: o facto de o tempo ter passado tão depressa, ou o facto de já estar há tantos anos em aulas e de nunca ter tido uma pausa.

Ao longo destes anos, penso que fui alternando entre fases de maior e menor entusiasmo em relação ao que estava a estudar – ou o que nos deveria ser ensinado, porque nalguns casos ir às aulas ou não era a mesma coisa. Mas a constante que se manteve é que a maioria dos meus professores foram uma autêntica desgraça. Eu sei que esta é uma opinião muito impopular, mas para mim o sistema de avaliação de professores deveria estar mais do que em vigor, deveria ser minimamente exigente e para todos – só para não dizer que deveria ser um nightmare. E eu digo isto por um factor muito simples: são os professores que moldam as gerações mais novas, pois são eles que nos dão a educação de que precisamos para a nossa vida profissional, uma vez que a educação a níveis de personalidade e socialização já estão a cargo dos nossos pais – e da sociedade no geral, infelizmente. Se não há uma mínima preocupação e fiscalização da nossa educação, como esperam que a sociedade no geral venha a evoluir, ou pelo menos, não descer vertiginosamente para as trevas de períodos anteriores? E como é que esperam que assim não se venham a cometer atrocidades que outrora foram perpetuadas?

Alguns episódios, a que fui assistindo ao longo dos meus anos em escolas e universidades, fizeram-me querer bater com a cabeça na parede muitas vezes, tamanha era a estupidez à qual eu assistia. Eu nem me pronuncio sobre o nosso sistema de educação – que é uma inutilidade gigante… enfim, se calhar é melhor do que nada, I guess… Mas tenho de mencionar o caso de uma professora de português que eu tive no 10º ano. Nós costumávamos dizer no gozo que à mulher tinha-lhe saído o diploma num pacote de batatas, mas honestamente acredito que a realidade não esteja muito longe. A mulher para além de retirar informação da wikipediasim sim há informação válida lá, mas isso é o quê, 1/10 de tudo o que lá está escrito e é se tanto -, claramente não sabia o que estava ali a fazer. Enumeração, por exemplo das cores do arco-íris, segundo ela jamais poderia ser feita com vírgulas. E querem saber porque é que nós nunca tivemos de fazer quaisquer exercícios de métrica em poemas nesse anos? Ora bem, porque como a senhora ela própria não sabia, nunca nada disso nos seria perguntado num teste – uma pinky promise feita por ela.

É claro que casos vergonhosos destes existem com menores frequências nas universidades. Mas não deixamos de ter vários professores que se estão perfeitamente a lixar para nós, e que pouco ou nada querem estar ali. E então casos destes no ensino obrigatório são mais que as mães, e não há dedos das mãos e pés que nos valham para os contarmos a todos. No meio disto tudo, FELIZMENTE, tive a sorte de ter brilhantes pessoas como professores – não só a nível profissional como pessoal. Professores estes com paixão por aquilo que leccionam e que são capazes de o fazer – sim porque também não é só uma média de 20 valores que faz de alguém um bom médico. Professores estes que conseguem motivar os seus alunos e que realmente sabem do que estão a falar. Digo-vos que professores excelentes só tive mesmo 5 durante todo o ensino obrigatório – e muitos foram os professores que passaram pelas minhas turmas, porque raros foram aqueles que se aguentaram mais do que um ano. Na universidade já consigo subir este número para uns 10, ainda que basicamente apenas graças ao Mestrado que fiz nos Países Baixos e ao Minor que estou agora a fazer na FCUL.

Se tenho fé nesta vaga de professores? Não, nem um bocadinho. Só espero é que a próxima leva já tenha uma mente mais aberta e que realmente esteja ali porque quer, e não só porque é o último recurso e não querem mexer o rabo para fazerem outra coisa, talvez melhor para eles mas que lhes dê mais trabalho.

*mas não me interpretem mal. Este é um problema comum a qualquer outro país com um sistema de educação; simplesmente só não posso comentar esses casos porque não os conheço*

Random | Survived another final’s season

59Desde já, um sincero obrigada pelas vossas mensagens em relação à época de exames. Mas felizmente nada dessa sorte foi necessária. Consegui passar a todos os exames na primeira fase, e por isso não houve necessidade de ir à segunda fase. Eu só gostava é que eu tivesse tido mais confiança em mim e ter-me apercebido que não precisaria de repetir os exames, e assim teria começado as minhas férias meia semana antes. De qualquer modo, umas três semanas e meia de férias é mais do que perfeito. Não sei porquê mas acho que à medida que os anos vão avançando, parece que todos os anos temos direito a uns dias extra de férias entre os dois semestres – do que eu não me queixo de todo.

Não que esta época de exames tenha sido especialmente difícil, mas a verdade é que depois de todo o trabalho que eu tive para os exames que fiz, estava mesmo a precisar de uma pausa. Acho que a minha cabeça vai agradecer bastante por não ter de estudar nada durante umas semanitas. Não que isto sirva para me colocar a mim mesma num pedestal ou algo do género, mas estou bastante contente por ir ficar com notas finais acima dos 16 valores nas cadeiras que fiz este ano, especialmente porque são de um curso totalmente diferente do que fiz na licenciatura e, sobretudo, porque já nem sei qual foi a última vez que falei de Geologia no Ensino Básico, e é se alguma vez falámos de alguma coisa para além de como funciona o vulcanismo. A parte mais interessante é que diziam que um dos nossos professores era super exigente no teste teórico, e claro uma pessoa fica logo de pé atrás por melhor que lhe tenha corrido o exame. Mas mais uma vez se comprova que estas coisas não são assim tão preto no branco, porque consegui tirar um 19 neste exame. Aliás, o exame era tão acessível que nem era preciso ser um génio para garantir uma óptima nota; só mesmo força de vontade e estudo.

Este Minor está a ser bastante interessante. E por três motivos: 1) deu para conhecer todo um novo ambiente de trabalho, completamente diferente daquele em que estava inserida durante a minha licenciatura – há mesmo uma diferença grande que se faz sentir entre faculdades de ciências e de humanidades, com vantagens para a primeira; 2) estou a aprender imensas coisas que eu deveria ter aprendido durante a minha licenciatura – para um curso que alega que é uma área que reúne conhecimentos de todas as áreas, sejam das ciências ou das humanidades, não vejo porque é que a perspectiva das ciências é completamente ignorada; 3) está a dar para recuperar um pouco da minha confiança nas minhas capacidades académicas, parte de mim que ficou bastante abalada depois do meu Mestrado. Agora é esperar que o próximo semestre corra tão bem ou melhor que este, e que, acima de tudo, me traga boas notícias.

Random | I believe exams are counterproductive

197Desde já, peço-vos desculpa pela minha ausência aqui do blog deste o início do ano, embora tenha indo publicando uns posts mais simples aqui e ali, para não abandonar totalmente aqui o cantinho. Esta época de exames foi bem mais trabalhosa do que eu estava à espera. E nem foi bem o ponto de a pessoa não ter tempo de aqui vir. Foi mesmo a falta de vontade e de imaginação. Estas etapas do ano académico são mesmo capazes de esgotarem as nossas energias por completo.

Bem… Hoje acabou a primeira ronda de exames. E digo primeira porque ainda estou a considerar ir à segunda fase de uma cadeira, aproveitando que na FCUL temos direito a duas fases nos exames, o que é algo bastante útil. E penso que esta ronda não podia ter acabado melhor. Os meus últimos dois exames teóricos correram-me bem, mais do que eu estava à espera, para ser sincera. O único exame prático que fiz também me correu bem. Só o primeiro exame teórico, no início do mês, é que ficou assim aquém das minhas expectativas, e é este que eu quero ver se melhoro. E entretanto recebi mais umas notas de testes e exames práticos de uma disciplina e não podia estar mais satisfeita – em sete valores possíveis só perdi 6 décimas. É esperar que esta onda de boas notícias continue assim nos próximos dias.

Cada vez que se chega ao fim de um semestre e se entra em mais uma fase de exames, eu pergunto-me sempre a mesma coisa: será que o melhor método de avaliação e aprendizagem passa por fazer exames? Um dos aspectos que eu mais gostei do meu Mestrado nos Países Baixos foi o facto de não termos tido quase exames nenhuns. Eu só fiz dois exames e foram logo a meio do primeiro semestre, o que me garantiu logo umas descansadas férias de Natal – e que bem que elas me souberam; foi mesmo o paraíso há um ano atrás. Mas este não bem o ponto ao qual eu quero chegar.

Não me refiro aqui aos anos de ensino obrigatório, onde até os exames não me importaram muito e até que fazem sentido no Secundário, pois é com eles que se consegue entrar na Universidade, embora o que eu vá dizer também faça sentido aqui. É que estes exames só significam uma coisa: uma quantidade bruta e descontrolada de stress que se coloca nos alunos. Eu penso mesmo que os exames são contraproducentes porque acabamos por não ficar com quase nada na cabeça. Mais do que memorizarmos dados, é muito melhor sabermos aplicá-los. Eu, por mim, substituía os exames por trabalhos individuais – sim que isto de trabalhos de grupo é uma treta e deixemos estas porcarias para áreas de projecto e afins no Ensino Básico. Especialmente exames teóricos que são a maior dor de cabeça deles todos. É que com um trabalho não só estamos a aprender a matéria com a investigação, como também estamos a aprender a aplicá-la. Eu fiz três cadeiras no meu Mestrado, cuja avaliação foi apenas baseada em trabalhos, e foram, sem dúvida, das melhores cadeiras que já fiz na minha vida académica, e nas quais aprendi muito mais. É muito bonito as estatísticas que se podem fazer com resultados de exames e isso tudo, para qualquer grau de ensino, mas há tantas e melhores maneiras de avaliar os alunos e realmente ajudá-los a aprender qualquer coisa. Time for a change, huh?

Desabafo #23

185Adoro ver a reacção das pessoas quando digo que pretendo continuar a estudar, bem para lá daquilo que, supostamente, podemos dizer que é o normal. O bicho de sete cabeças que as pessoas criam nas suas mentes quando digo que estou a fazer cadeiras extras para acrescentar à minha licenciatura, ou quando digo que quero fazer um segundo mestrado, é todo um cenário hilariante. E triste ao mesmo tempo por saber o pouco interesse, no geral, que as pessoas têm pela sua educação.

No meio disto tudo, lamento informar aquelas pessoas que vivem no seu pequeno mundo cor-de-rosa e que pensam que isto basta uns aninhos na escola para conseguirem um emprego de jeito – leia-se emprego com um bom ordenado e dentro dos nossos interesses. Isso era no tempo dos nossos avós. E com sorte no tempo dos nosso pais. Agora estamos num mercado de emprego de tal modo global e competitivo, que uma Licenciatura não chega para nada. E para quem queira seguir algo na via académica, o mínimo dos mínimos é mesmo o Doutoramento.

Por isso, por um lado, não entendo a aversão que as pessoas têm ao estudo. Mas por outro lado, sei bem que são as más experiências que se vão tendo no ensino obrigatório que destroem qualquer hipótese de termos algum gozo em estudar. É esperar que a próxima geração de professores – nós na realidade – consigamos transmitir um maior interesse e paixão pelo estudo à geração dos nossos futuros filhos.

Desabafo #21

68Na minha opinião, uma das piores coisas que nos podem dizer quando entramos para o Ensino Superior é que tudo aquilo que aprendemos no Secundário está errado. É claro que à medida que vamos avançando no nosso percurso académico vamos aprendendo novas coisas. E é claro que a base da ciência passa mesmo pelo melhoramento de hipóteses e teorias prévias. Mas não deixa de ser totalmente irritante que nos digam que o que aprendemos no Secundário não tem valor nenhum.

Isto literalmente só prova que o que aprendemos no Secundário não serve para nada. Se durante esses três anos senti que andava na escola a fazer nenhum, quanto mais anos passo no Ensino Superior, mais certezas tenho que o Ensino Secundário é mesmo só para “encher chouriços”. Isto dá vontade de perguntar: “então que andei eu a fazer durante três anos no Secundário, para chegar à Universidade e ter de aprender tudo de novo, porque pelos vistos fui mal e porcamente ensinada?”.

Deixem-me dar-vos um exemplo real, ainda que ligeiramente exagerado mas apenas no sentido de tornar esta situação mais clara. O objectivo aqui não é ensinarem-nos conceitos demasiados complicados para o ano escolar em que estamos. Por exemplo, ninguém diz que devam ensinar miúdos de 16 anos em Biologia e Geologia, que a ortose é um mineral que cristaliza na classe 2/m do sistema monoclínico, que tem uma clivagem {001} perfeita, {010} boa e {110} imperfeita, que não apresenta pleocroísmo e que tem uma extinção paralela à clivagem. Mas está sim errado dizerem-nos que a ortose é um fruto – sim aqui está o exagero – quando na realidade é um mineral. É como durante três anos ensinarem-nos que 1+1=3, quando a verdade é que 1+1=2.

IT’S ‘BOUT TIME TO LEAVE!

80Se pensam que o país vai melhorar nalguma coisa estão redondamente enganados. Isto é como qualquer ben-u-ron que tomem para dores: ou resolvem o problema a fundo, ou as dores só irão passar temporariamente. Façam lá a festa por aquela coisa – só para não lhe chamar algo pior – mas daqui a uns meses não se venham queixar com o rabo entre as pernas como os franceses fizeram com o Hollande.

Se estivéssemos nos anos 60 do século XX, amanhã marcava já o meu lugar no primeiro transporte clandestino que encontrasse que fosse direito a França. Mas como estamos vários anos à frente, infelizmente tenho de esperar até ao Verão por ofertas concretas de qualquer coisa de um país decente. Se em 2011 já deveria ter posto os meus pés bem fora destas quatro paredes por motivos académicos, agora junto-lhe factores políticos e de sanidade mental. Usando uma expressão mais popular, “já não há cu que aguente tanta estupidez, idiotice, ignorância, ganância e incompetência junta”.

No meu caso, este ano lectivo de 2015/2016 é literalmente a minha última hipótese de ir para onde já deveria estar há quatro anos – o Reino Unido. Até ao próximo Verão há é que, no entanto, esperar que ambos os países não se armem em parvos e que continuem na União Europeia.

COUNT ME OUT!!!

Minor Geologia | Comparação entre FLUL e FCUL

Isto de estar a fazer um Minor em Geologia sem nunca ter feito Geologia na minha vida – sim porque pelo menos as minhas aulas de Ciências Naturais do 7º ao 9º ano foram mal e porcamente dadas – tem muito que se lhe diga. E as ensaboadelas de Biologia que temos estado a levar é de deixar qualquer um – que também nunca tenha tido Biologia, porque aquelas aulas de Ciências nem nesta área foram bem dadas – em pânico. Mas apesar destes detalhes, estar a fazer este Minor tem estado a ser uma boa experiência, embora ainda só esteja a chegar à primeira metade do semestre agora.

Se é pouco tempo para comentar o meu aproveitamento neste Minor, estas semanas são mais do que suficientes para poder comentar as diferenças entre a faculdade onde estou agora (FCUL) e a faculdade onde tirei a minha licenciatura (FLUL). Começando pela inscrição. Eu não posso dizer que isto correu às mil maravilhas porque esta é sempre uma altura de grande confusão e azáfama, e além do mais continuo a achar que é altamente injusto só nos termos podido inscrever no primeiro dia de aulas, pois assim faltámos às primeiras aulas, ainda que estas tenham sido só apresentações iniciais. No entanto, não consigo dizer assim tão mal das inscrições na FCUL porque o atendimento foi muito bom, apesar da desorganização inicial – mas nada que já não seja característico de Portugal, infelizmente. Comparado com as inscrições na FLUL, na FCUL quem nos está a ajudar é bem mais prestável e realmente sabe o que está a fazer. E os problemas que tivemos na altura foram prontamente resolvidos. Na FLUL bem que podíamos penar para que isso acontecesse. Além do mais, a primeira impressão que tenho de todo o serviço académico/secretaria da FCUL é bastante bom, centenas de vezes bem melhor do que a secretaria da FLUL alguma vez sonhará ser.

FCULEu da praxe não posso dizer muita coisa porque, primeiro, nem sequer participei nela enquanto estive na minha licenciatura e, segundo, participar agora menos sentido fazia, ainda que seja uma nova aluna na FCUL. No entanto, como espectadora posso comentar uma coisa ou outra. O ponto comum é que há boas e más pessoas em ambas as praxes, embora eu seja levada a dizer que as praxes da FLUL são piores que as da FCUL. E eu digo isto pelo simples motivo que passando pelos grupos de praxes na FCUL, nós vemos a carneirada (sem ofensa pela expressão) de caloiros alegres e em jogos com os mais velhos, que aliás aparentemente até os levam às respectivas aulas. Mas depois passamos pelos grupos de praxes da FLUL e está tudo espalhado pela Alameda da Universidade, basicamente a serem tratados abaixo de cão e muitos são aqueles que são coagidos a faltarem às aulas. A minha opinião é completamente subjectiva, e como é óbvio, há praxes e praxes. Se calhar só vi a parte má de uma e a parte boa da outra, se calhar as praxes do meu curso na FLUL são apenas um mau exemplo, mas a verdade é que a imagem que vem para o exterior vale às vezes muito mais do que outra coisa qualquer. Esta é simplesmente a opinião de quem vê os acontecimentos como terceiro e que foi acumulando ao longo de três anos os comentários de quem esteve nas praxes. É basicamente uma opinião para não levar à letra, mas que não resisti a fazer.

As aulas é que são o factor de maior diferença entre ambas as faculdades. Em primeiro lugar, na FLUL só existem aulas teórico-práticas, nas quais ainda estou até hoje para entender qual é que era a parte prática – devia ser o uso de powerpoints só pode – enquanto que na FCUL existem aulas teóricas, aulas teórico-práticas e aulas práticas laboratoriais (basicamente as aulas práticas propriamente ditas). Esta diferença origina, por um lado, a favor da FLUL, uma discrepância nos horários e na carga semanal de aulas e, por outro lado, a favor da FCUL, um maior aproveitamento e uma melhor abordagem às aulas. Como podem ver pelos dois horários abaixo (que mostram um possível cenário para os alunos de primeiro ano de Arqueologia e Geologia, respectivamente), eles são bastante diferentes, embora sejam ambos horários de cinco cadeiras. O facto de só existirem aulas teórico-práticas e de estas durarem apenas 4h/semana, faz com que na FLUL a carga horária seja mais pequena. Em média, cada cadeira na FCUL é de 5h/semana, o que no final da semana perfaz uma diferença entre 20h/semana e 25h/semana. Cinco horas de diferença pode não parecer muito mas garanto-vos que faz toda a diferença, mal que não seja no tipo de horário que conseguem arranjar – eu por exemplo, agora na FCUL, tenho uma segunda-feira das 8h às 18h que é um pesadelo. No entanto, o facto de existirem esses três tipos diferentes de aulas na FCUL permite que a matéria seja melhor dada, porque cada aula possibilita o estudo de matérias especificas. Por exemplo, eu estou a fazer uma cadeira – Estratigrafia e Geohistória – em que cujas aulas teóricas damos efectivamente estratigrafia e geohistória, mas nas aulas teórico-práticas e práticas laboratoriais já damos micropaleontologia. Além do mais, ambas as aulas práticas são não só boas oportunidades de realmente contactarmos com a matéria que estamos a estudar, em vez de estarmos só abstractamente a ouvi-la, como também são boas oportunidades de vermos as nossas dúvidas sobre a matéria esclarecidas, porque como muito bem disse um professor meu, a iniciativa para aprender tem de sair de nós. Para além de tudo isto, a FCUL tem uma grande vantagem: o facto de as aulas teóricas serem apenas de 1h. Pode parecer pouco tempo especialmente se estivermos habituados ao modelo de aulas de 2h, mas honestamente 1h é quanto basta. Se elas forem bem organizadas, há tempo suficiente para dar toda a matéria, e deste modo conseguimos aproveitar muito melhor as aulas porque acabamos por não perder muita da nossa concentração. Enquanto estive na FLUL, com aulas de 2h, era muito frequente perder a concentração várias vezes ao longo da mesma. E as aulas práticas são muito mais didácticas e interessantes. Estas aulas são sem dúvida um plus.

Horario Arq Horario GeoE continuando no tema da aulas, mas agora referente às instalações de ambas as faculdades. As salas ditas normais penso que são a mesma coisa – isto se excluirmos os laboratórios na FCUL, por isso a diferença encontra-se mesmo nos anfiteatros (quer os maiores, quer os mais pequenos). Enquanto eu estive na FLUL, os anfiteatros eram todos de madeira e o completo oposto de serem novos, e era impossível não ficarmos com dores de costas ao fim do dia porque as mesas são fixas e encontram-se afastadíssimas dos nossos assentos. Agora na FCUL, os assentos nos anfiteatros são todos almofadados e bastante confortáveis – algumas cadeiras parecem que foram mesmo retiradas da sala de cinema mais próxima -, para além do facto de que as “mesas” (não sei bem o que lhes chamar) são movíveis, o que facilita estarmos com uma melhor postura nas cadeiras. O único senão da FCUL são os bancos dos laboratórios, mas em relação a isso não há nada a fazer porque banco de laboratório é desconfortável aqui ou na China ou na Lua. E vá, um dos anfiteatros da FCUL já precisava de um projector com uma melhor definição, mas mesmo assim, se todos os problemas fossem esse…

E, por último, que este post já está gigante, sobre os professores… Até este momento estou bastante satisfeita com os meus professores todos. De um modo geral, os professores que tenho agora na FCUL são mais simpáticos e acessíveis, mais organizados e pontuais (e bastante mais assíduos), e explicam bem melhor do que os professores que eu tive na FLULque não eram péssimos mas eram umas personagens difíceis de se lidar com. A melhor parte dos meus professores na FCUL é talvez o facto de terem um maior à vontade na maneira como dão as aulas e de estas serem dadas num formato muito mais informal, o que até origina um belo par de piadas aqui e ali – não é que estejamos ali para brincar, mas este ambiente mais descontraído torna as aulas muito mais interessantes e facilita a aprendizagem da matéria. Até aulas teóricas se tornaram bem mais interessantes. Indo um pouco mais longe, é a diferença em nos tratarem como iguais na FCUL e de nos tratarem como seres de uma casta inferior na FLUL.

Para finalizar mesmo, ao fim de seis semanas, eu estou a gostar bastante deste Minor e da FCUL em geral. Não é que eu não gostasse do curso que tirei – anteriormente na FLUL – mas saio muito mais satisfeita e interessada destas aulas do que alguma vez saí enquanto estava a fazer a minha licenciatura – vá vamos excluir as aulas de uns certos professores, nomeadamente dois, que sempre foram interessantes. E cada vez mais acho que deveria era ter feito Ciências e Tecnologias no Ensino Secundário e não Línguas e Humanidades. Enfim vou continuar a bater nesta tecla até não poder mais, mesmo que saiba perfeitamente que já não há nada a fazer em relação a este aspecto.

Random | New Academic Year

Amanhã irá começar mais um ano académico para mim. E embora eu tenha acabado de sair de um Mestrado há pouco menos de um mês, a verdade é que sinto que estou a voltar à universidade depois de uma longa pausa. Isto à primeira vista não faz muito sentido porque um mês de pausa, que basicamente foram as minhas férias, não é nada de nada, por isso penso que esta sensação se deva não só ao facto de estar mais uma vez a mudar de sistema de educação como também a mudar de grau de educação. E em ambos os casos vou passar do 80 para o 8.

Eu ia começar este parágrafo com um “infelizmente” mas penso que para já seria injusto começar de uma forma tão negativa. Ora bem, estou a passar do 80 para o 8 porque estou a passar do sistema neerlandês para o sistema português. Não é que o primeiro sistema não tenha os seus lados menos bons, mas a verdade é que não deixa de ser melhor que o português. E depois estou também a passar do 80 para o 8 porque estou a passar de um Mestrado para uma Licenciatura. Não, não vou mudar de área nem vou fazer uma nova Licenciatura – embora vontade não me falte. Por mim até tirava o meu curso todo de novo mas bem longe de Portugal.

Eu enquanto estive a fazer a minha Licenciatura na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL) fui-me apercebendo que o meu curso (de Arqueologia btw) não era grande coisa. E se restasse alguma dúvida, ficou tudo mais do que comprovado quando estive a fazer o meu Mestrado nos Países Baixos. O curso é uma miséria autêntica. Mas vá até que ele tem um bom aspecto: as aulas de desenho técnico. Mas fora isso fica a léguas e léguas de alguns cursos na Europa. O curso em Portugal é excessivamente teórico e ainda não está – nem pouco mais ou menos – afastado da licenciatura de História. Não só nós temos uma abordagem diferente da dos historiadores como honestamente nem precisamos de história no Secundário – shiuuuuu mas mais de metade do que nos ensinam nestes três anos está incorrecto. O curso de Arqueologia em Portugal tem um grande handicap que é a falta de cadeiras práticas. Esta disciplina lida na sua quase totalidade com materiais arqueológicos ou artefactos (chamem-lhe o que quiserem) e infelizmente na FLUL aulas práticas com materiais apenas existem no Mestrado. É claro que falamos de materiais e afins mas é apenas através de imagens ou descrições escritas. É melhor do que nada mas mesmo assim não serve de muito. E isto não é a única coisa que falta. É certo que estamos em Portugal mas falta algo muito importante: história comparada. O facto de as Licenciaturas se basearem apenas na área geográfica do país onde são leccionadas limita e muito o conhecimento dos estudantes. E para além disto há também uma grande falha na não existência de cadeiras de ciências. E vocês perguntam-se porque é que teriam de existir num curso dado numa faculdade de letras. Pois bem, é que Arqueologia é talvez a única disciplina que nem é carne nem é peixe, ou seja, é tanto uma disciplina da área de letras como da área de ciências. Este é talvez o maior handicap e o mais grave deles todos que o curso de Arqueologia na FLUL tem. E quando digo FLUL digo o mesmo para os respectivos cursos da Nova, do Algarve e do Porto. Não menciono aqui o de Coimbra porque pelo que parece, por alma de espírito santo, lá se decidiram – ao fim de sabe-se lá quantos anos – a criar um curso unicamente de Arqueologia. E embora dêm a oportunidade aos alunos de terem aulas mais práticas, continuo a ter muita dúvidas em relação ao curso.

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E isto tudo para dizer que vou fazer umas cadeiras de Geologia durante o próximo ano lectivo. Ora bem, visto que não posso voltar atrás no tempo e candidatar-me para outra universidade ou entrar no mundo da Arqueologia por outra via, está na altura de colmatar alguns destes buracos que a minha Licenciatura tem. Não faço ideia se haverá mudanças ou não na designação da minha Licenciatura, mas o certo é que o objectivo é passar a ter, no Verão de 2016, uma Licenciatura em Arqueologia e um Minor em Geologia. Infelizmente isto só cobre um 1/3 das falhas que a minha Licenciatura tem mas realmente é melhor do que nada. Resta-me agora aproveitar a 200% as cadeiras de Geologia que irei fazer. E esperar que elas me possam abrir novas e melhores portas.