Esta ainda não é uma tradição muito vincada em Portugal mas já começa a ser bem mais frequente nos dias de hoje. Quem vive nas, ou perto das, grandes cidades universitárias geralmente ingressa nessas instituições, e esta mudança acaba apenas por ser verificar para quem não tem uma universidade perto de si, ou para quem prefere uma instituição muito específica e que fica longe de casa. E depois temos aqueles casos de pessoal mais maluco – não me levem a mal por esta expressão que aqui é dita com o maior dos carinhos – que decide ir estudar para o estrangeiro. Como estive a estudar nos Países Baixos no ano lectivo passado, pensei que esta seria uma boa altura para abordar este tema. Estudar fora de casa tem muito que se lhe diga – especialmente quando estamos totalmente fora da nossa zona de conforto – por isso espero que este post vos possa dar umas quantas dicas para me se ambientarem a esta nova realidade.
#You’re not alone
Esta é talvez das expressões mais cliché que existem e que serve para mais de mil e uma situações, mas é também uma das melhores coisas que vos podem dizer nesta altura. Quer seja em universidades no estrangeiro – em que é bem mais comum ter-se centenas e até mesmo milhares de alunos de todos os cantos do Mundo – quer seja em universidades nacionais, o que não falta são alunos que estejam a estudar fora de casa. É certo que isto é algo de que à partida não temos conhecimento porque não andamos propriamente com o nome da nossa terra natal gravado na testa, mas o mais provável é que os vossos colegas de casa também venham de longe. A ansiedade, a incerteza, a desconfiança e o stress por estarem numa cidade (ou país também) desconhecida e completamente nova não vos afecta apenas a vocês, mas qualquer pessoa que esteja na mesma situação que vocês – ainda que cada pessoa seja como cada qual. O que eu quero dizer com isto é que literalmente vocês não estão sozinhos, e durante os primeiros dias podem-se apoiar especialmente nestas pessoas. O que me leva para o próximo ponto…
#Don’t hide away from people and life
Uma das primeiras coisas de que me apercebi quando fui estudar para os Países Baixos é que não vale a pena isolarmo-nos na nossa bolha. Aliás esta é das coisas mais prejudiciais que podemos fazer a nós próprios. Se já tiverem e souberem quem são os vossos colegas de casa, aproveitem para se conhecerem todos melhor uns aos outros, aproveitem para conhecer a cidade e o campus universitário, ou para fazerem qualquer outra actividade em grupo. E mesmo que não conheçam ninguém, façam estes pequenos passeios por conta própria. Acima de tudo o importante é que não se isolem durante os primeiros dias, porque isso só vos vai fazer sentir pior e com mais saudades de casa. Quanto mais ocupados tivermos menos tempo damos à nossa cabeça para pensar nestes problemas.
#A good cry never hurt anyone
Mas está claro, nem tudo será um mar de rosas. Com mais ou menos frequência, há momentos em que o nosso espírito estará mesmo em baixo e o melhor é mesmo não fugirmos disso. Em dias como estes, o melhor é mesmo não forçarmos muito e acabarmos por dedicarmos algum tempo a nós mesmos. Aproveitem para fazer uma saída a noite, ou passaram a tarde num museu ou centro comercial na companhia de alguém, ou passarem uma noite no cinema. Mas se preferirem passar estes momentos sozinhos, aproveitem para ver as vossas séries ou filmes favoritos, aproveitem para ouvir música ou ler. O que importa reter aqui é que, por pior que o dia vos esteja a correr, a verdade é que tudo tem uma solução. And when everything else fails…
#Skype will be your new best friend
Uma das razões pelas quais os meus níveis de saudades de casa e da família foram baixando à medida que o tempo passava foi por causa do skype. Quer o usem todos os dias, dia sim dia não, uma vez por semana ou uma vez por mês, esta é uma óptima maneira de matarem as saudades frequentemente sem levarem ninguém à falência.
#Leaving home will be a nightmare
Isto aplica-se sobretudo a quem está a estudar no estrangeiro e vai passar as férias de Natal a casa. Se os vossos exames forem tarde no mês de Janeiro – ou se não os tiverem de todo -, acaba-se por poder prolongar as nossas férias em casa e assim habituamo-nos mais uma vez à nossa zona de conforto. E depois quando se regressa ao local onde estamos a estudar, estamos mais uma vez na estaca zero. Mas uma coisa é certa, sabendo o drama que pode ter sido da primeira vez e sabendo que tudo acabou por correr bem, esta segunda saída de casa corre muito melhor.
#But in the end we’re all different
E isto porque cada um de nós lida com as saudades de casa de modos diferentes, e porque nem todos sentimos a mesma quantidade de saudades de casa. Para quem esteja habituado a sair da sua zona de conforto, ir estudar para fora de casa, quer seja no país de origem ou mesmo no estrangeiro, pode ser uma tarefa mais fácil do que para quem não está habituado a mudanças deste género. Este tópico não é bem uma dica; é mais um pequeno comentário para algumas mentes mais pequenas, especialmente centrado nos casos em que os alunos estão a estudar no estrangeiro. Lá porque alguns podem e vão a casa várias vezes ao ano, não quer dizer que toda a gente o possa fazer. Nem toda a gente tem os mesmos recursos financeiros e alguns só conseguem ir a casa nas férias de Verão. E além do mais, chega-se a um ponto em que já estamos habituados a estar fora de casa. É que ficarmos mais meses sem irmos a casa não faz de nós pessoas insensíveis; simplesmente já estamos a cria uma segunda zona de conforto fora das nossas casas e famílias, e nem sempre vale a pena (especialmente financeiramente) ir a casa a toda a hora.
#Please follow common sense guidelines
Especialmente se partilharem uma casa ou um quarto com alguém. Para quem não tem a sorte de poder alugar ou comprar uma casita só para si, é aconselhável que se mantenham o mais civilizados que poderem. Falo por experiência própria quando digo que é chato partilhar a casa com alguém que não conhecemos, especialmente porque as pessoas têm hábitos diferentes dos nossos, e nem sempre são compatíveis com o nosso modo de vida. Algumas dicas de senso comum:
– limpem a cozinha após a terem acabado de usar; ninguém quer preparar a sua comida nem comer no meio do lixo dos outros.
– e digo o mesmo para a casa de banho; especialmente para as raparigas, porque perdemos imenso cabelo facilmente, apanhem os fios de cabelo da banheira se esta for partilhada, para além de mencionar que todos deverão manter o resto do espaço limpo.
– e, por favor, arrumem a vossa tralha que também ninguém quer andar no meio da vossas coisas só para chegarem ao outro lado da divisão, especialmente se estiverem a partilhar o quarto com outra pessoa.
#Student Residences
Sobre este tema não há muito a acrescentar, ou pelo menos eu não sei que dizer mais. Podem ler uns posts aqui e aqui sobre a minha experiência numa residência quando estive a estudar e a viver nos Países Baixos. E deixo-vos aqui com este post da Raquel (do Meek Sheep) sobre a sua experiência mas em terras lusas.
#I wanna travel the world
Estar a estudar fora de casa é basicamente a desculpa ideal para viajar e conhecer o mundo à nossa volta, especialmente quando nos mudamos para um outro país. Para mim viajar, ainda que a curtas distâncias, é uma mais valia e uma óptima maneira para conhecermos outras culturas. Para quem vai estudar para o estrangeiro é aproveitar logo este detalhe e ficar a conhecer as cidades em volta daquela onde estudam. E isto para além de que têm hipótese de conhecer uma cidade inteiramente nova para vocês. Agora convém é que não façam como a minha pessoa que criou imensas expectativas em relação a isto – há países em que não sai nada barato andar a viajar muito, apesar de valer sempre a pena.
#How much clothing should I pack?
Esta questão depende muito da distância a que fica a cidade para onde vão estudar e que meio de transporte é que vão usar para lá chegar. Se as distâncias forem curtas (até mesmo para quem vai estudar para o estrangeiro, por se viver perto da fronteira) e fizerem as viagens de carro ou comboio – onde não há claramente um limite de quilos por mala ou um limite de malas que podem levar – podem levar mais tralha convosco. Porém, quando as distâncias forem maiores ou tiverem de fazer as viagens sempre de avião, o melhor é optarem por levarem apenas o necessário. Primeiro porque paga-se e bem por quilos a mais na bagagem de porão – e eu bem sei do que falo porque enchi sempre demasiado a minha mala. E segundo porque quantas mais malas e quanto mais pesadas estas forem, mas dificuldade temos em movimentarmos-nos nos aeroportos e outros transportes. Nestes casos é uma boa ideia levarem convosco as roupas separadas por estacões. Por exemplo, ao irem em Setembro levem maioritariamente roupa de Inverno (especialmente se forem para uma cidade com um Inverno rigoroso), e optem por levar a maior parte da roupa de Verão na viagem de regresso depois das férias de Natal. Para quem não possa fazer esta viagem a casa, o melhor é escolher mesmo quais são as peças de roupa essenciais e levar estas consigo.
#What not to pack
Penso que este tópico funciona melhor para quem vai estudar para o estrangeiro, ou simplesmente para universidades bastante distantes da sua cidade natal, uma vez que nem sempre é aconselhável levar toneladas de coisas connosco. Impressoras, scaners e afins até podem ser bastante úteis, mas hoje em dia todas as faculdades têm reprografias e algumas até praticam uns preços simpáticos, e com a quantidade de informação digital que é usada, cada vez menos recorre-se ao papel. Se tiverem algum destes aparelhos a mais em casa e os possam levar com vocês é capaz de compensar, de outro modo penso que não vale o transtorno que é transportá-los. E o que acabei de dizer também se aplica a utensílios de cozinha. Nestes casos, quando se vai estudar para o estrangeiro, compensa mais comprar-se estes utensílios lá, do que levá-los já desde casa.
#Make it your home away from home
Uma maneira fácil de transformarem os vossos novos quartos ou casas em espaços mais confortáveis e acolhedores é levando um pouco de vós para lá. Se tiverem sobretudo espaço para transportar uns itens extra, podem optar por levar convosco umas almofadas, uns postais ou fotografias, uns posters ou cartazes, ou quaisquer outros itens de que se lembrem que possa transmitir a sensação de que ainda estão no vosso antigo quarto.
Assim de repetente não me ocorre mais nenhum detalhe para mencionar aqui, mas não deixo de achar que me estou a esquecer de algo essencial. Por este motivo deixo este post em aberto mais quaisquer questões ou pontos de discussão acerca deste tema.