1. Ensino Superior = Ensino Secundário
Reclamem o que quiserem à vontade, mas como cada um tem as suas próprias experiências, eu vou continuar com a minha ideia de que não existem grandes diferenças entre os Ensinos Secundário e Superior, para além do óbvio aumento de dificuldade – or not.
Professores que pouco ou nada querem ali estar? check e check
Professores que não sabem ensinar? check e check
Competições infantis que nem os miúdos de cinco anos têm? check e check
Quem se comporte como se ainda tivesse 10 anos? check e check
De um modo geral, eu não consigo encontrar grandes diferenças entre os dois tipos de ensino. Se calhar sou só eu que tive más experiências, mas a porcaria de ambiente que existia na minha Secundária continuo a registar-se até ao final da minha Licenciatura. Dizer que somos adultos a partir do momento em que fazemos 18 anos é uma grandíssima treta. A quantidade de vezes que eu não vi alunos de 20 e tal anos a comportarem-se como se fossem crianças; e isto já para não falar de uns quantos trintões. E continuo sem perceber qual é o ponto de tratar os outros abaixo de cão só para se sentirem superiores. Quando é que as pessoas percebem que isto só os faz sentirem-se mais vazios a longo prazo? É um conceito assim tão difícil de entender, como o facto de “não” significar “não”?
E isto já para não falar de alguns professores que são uma miséria, e da porcaria dos currículos que nos são dados como cursos. Escolhas nem vê-las nalguns cursos. E os professores que nos transmitem conhecimentos e paixão por aquilo que leccionam são, infelizmente, uma minoria da minoria da minoria. Para variar isto é a mesma coisa que nos dizerem que se f**a o vosso futuro.
2. Mas até que são alguns dos nossos melhores anos
Disso não há dúvida. Pelos conhecimentos que ainda conseguimos adquirir dos nossos professores – vocês sabem, aqueles anjos que nunca recebem reconhecimento por isso, mas que na realidade adoram o que fazem e estão ali para nós -; pelos fantásticos investigadores que temos a oportunidade de conhecer; pelas experiências pelas quais passamos, quer com outros ou sozinhos; pelas boas e más decisões que tomamos; pelas pessoas que conhecemos e, pelos amigos que fazemos.
É talvez um comentário algo cliché mas eu acredito que dá para crescer imenso com os anos que passamos na universidade – mas está claro, infelizmente estas ondas de choque não parecem atingir todas as pessoas. É sobretudo responsabilidade extra que se ganha. E para os que de nós têm a oportunidade de se mudarem para uma nova cidade, dentro ou fora do seu país de origem, não há nada melhor para nos tornarmos verdadeiros adultos, já que não temos a zona de conforto ali ao virar da esquina para nos fazer a papinha toda. E para já, até digo que é uma óptima fase da nossa vida para fazermos grandes amizades, algumas provavelmente que durarão para o resto das nossas vidas.
3. Não há cadeiras difíceis
Desculpem-me lá mas tendo estado em dois cursos diferentes, um deles até numa área do Secundário na qual nunca estive, não vejo como é que há cadeiras difíceis. Agora digo, sim, que existem cadeiras mais exigentes do que outras. Obviamente, à medida que vão progredindo nos vossos cursos, vão encontrando cadeiras mais exigentes, mas o facto de irem acumulando semestres na universidade só vos deveria estar a dar um maior à vontade. Eu acredito que com a devida dedicação, organização e estudo, qualquer cadeira pode ser feita. E muitas vezes, os rumores que se ouvem dos alunos mais velhos são tudo uma grande trampa – sem ofensa, mas os discursos derrotistas sobre cadeiras normalmente vêm do pessoal calão.
4. Mas há claramente cursos mais fáceis do que outros
Yap e yap e yap. Embora tenha passado apenas um ano a fazer Geologia – porque o que na realidade fiz foi apenas um Minor -, deu para perceber que o nível de dificuldade entre cursos é bastante diferente. E fight me all you want mas o curso de Arqueologia – a minha Licenciatura – é daqueles que se fazem com uma perna atrás das costas. Honestamente, foi mais complicado lidar com as mentes retrógradas e megalomaníacas dos professores, do que fazer as 30 cadeiras do curso. Ohhh e ainda por cima espetam-nos com imensos testes de consulta à frente, e que só alguém muito inocente é que não consegue aproveitar esta oportunidade. Papinha mais feita do que esta é impossível. Ahhh e isto fora aqueles excelentes – nope, definitely not – professores que não têm imaginação para elaborarem mais do que uma prova de exame de 10 em 10 anos.
5. Somos um bando de privilegiados e devíamos reconhecer isto
E disto também não há dúvida nenhuma. Não digo isto referente a quem não quer continuar a estudar para além do pré-estipulado, porque honestamente não interessam para aqui, mas sim a quem gostaria de continuar os seus estudos e não tem possibilidade, sobretudo financeira, para o fazer. E nem falemos de quem nem tem direito ao básico dos básicos. Fight me on this too – the hell I care – mas sempre me meteu imensa impressão a quantidade de bolseiros que estão por uma linha finíssima para chumbarem a mais de metade das suas cadeiras e ainda estão a receber dinheiro dos contribuintes, e a quantidade abismal de pessoal que tem os paizinhos a pagar-lhes as propinas para não aparecerem a metade das aulas, passarem à rasca ou nem isso. Desculpem mas isto é estar a gozar com a cara de quem não pode frequentar o Ensino Superior, incluindo o pessoal que, apesar dos seus esforços, não consegui entrar no curso que queria. Se é para não fazerem um cu, mais vale não estarem lá e darem o vosso lugar a alguém que o vá prezar. Se o dinheiro saísse da carteira desta gente, gostava de ver se ainda andavam a faltar a 90% das aulas, só porque yeah sou rebelde e maior de 18 anos e posso faltar às aulas.
6. É um mundo que me dá imensas dores de cabeça
Disto também não há dúvida nenhuma. E falo mesmo literalmente. As últimas épocas de exames têm-me oferecido umas valentes enxaquecas ou dores de cabeças – tbh nunca soube a diferença. É a quantidade de matéria para cada um dos exames, o tempo que às vezes não é o que se esperava, a pressão de terceiros e, especialmente, a nossa. E quando tudo isto se junta, o nosso sistema dá logo de si e os efeitos secundários nunca são agradáveis.
E a isto junta-se ainda a pressão extra que existe para quem quer seguir para a área de investigação. O trabalho extra que tem de ser feito, a investigação extra, o bajular de investigadores – sim sim, que isto ainda continua a ser um mundo-cão onde só sobrevive quem tem os connects certos -, os trabalhos de voluntariado e isto e aquilo. Há alturas em que realmente me pergunto porque é que quero ir para investigação, se todas as épocas de exames parecem um autêntico pesadelo…
7. Mas que acima de tudo adoro
Mas depois a verdade é que também não me vejo a fazer mais nada do que isto. Até posso passar o resto da minha vida atrás de uma secretária – mas por favor, durante apenas 9 a 10 meses do ano, que eu também não sei o que faria da minha vida sem as minhas escavações; me needs to play with the earth, but in a very serious scientific way, of course -, mas pelo menos sei que não vai ser uma actividade repetitiva e monótona. É o mundo ideal para aprendermos algo novo todos os dias; todas as horas até. E desde que basicamente me conheço que adoro fazer investigação. Eu adorava quando os professores, no ensino obrigatório, nos punham a fazer trabalhos – individuais, que cenas em grupo não são cá para mim; a não ser que possa ser um grupo muito selectivo. Por isso não vejo porque também quereria fazer outra coisa.