Para mim, quando se chega ao fim de um ano lectivo, penso que é sempre útil fazer-se um balanço acerca do mesmo. Não só é uma oportunidade para fazermos uma retrospectiva do que correu bem e do que correu mal, mas também é uma oportunidade para reflectirmos sobre o futuro. Ainda que só tenha vindo a tomar atenção a este pormenor nos últimos anos, penso que este ano lectivo passou a correr: parece que ainda há pouco tempo estava em Setembro a começar o meu segundo ano e, agora, ele já está bem acabado. Apesar de que, quando se aproximam as férias (sejam elas quais forem), estejamos sempre mais ansiosos para que o tempo passe mais depressa, parece-me que, este ano, o tempo passou mesmo muito depressa. E tem vindo a passar tão depressa que eu acho que ainda não caí em mim que daqui a uns mesitos vou começar o meu último ano da Licenciatura e que tenho de fazer uma tese de seminário.
Desde o início do Ensino Secundário que tenho por hábito estabelecer metas em relação às notas que pretendo obter. E desde o 10º ano que o meu objectivo é obter as melhores notas possíveis, a fim de ter uma média final que me consiga “abrir mais portas” e proporcionar-me mais e melhores oportunidades. E é com este mesmo pensamento que tenho vindo a encarar a minha licenciatura, até porque, se não aproveitei as “portas que se abriram” quando eu acabei o Secundário, tenciono fazer os possíveis para que novas se abram quando eu acabar o meu curso.
Por isso, quando comecei este ano (que é o segundo) estabeleci duas metas: (1) ter no mínimo 16 valores como nota final nas cadeiras; (2) ter uma média final (só em relação ao 2º ano) de 17 valores. Não consegui cumprir o primeiro objectivo na sua integra, visto que numa cadeira tive 15 valores, mas sinto-me bastante orgulhosa do meu trabalho porque consegui ficar com uma média (arredondada à unidade) de 17 valores, neste ano. Ainda me falta saber uma última nota final, mas não acredito que ela faça descer muito a minha média. Já a nível geral, tendo em conta os dois anos, estou com uma média final de 16 valores. Dito isto, penso que foi um ano bastante bom.
Como eu já tinha mencionado nos posts que fiz o ano passado sobre o Ensino Superior, não é “impossível” ter-se boas e muito boas notas na Universidade, como muitas pessoas (incluindo professores) podem fazer transparecer. Há imensas pessoas que dizem que é “impossível” ter-se médias de mais de 16 valores; que dizer que já nos devíamos dar por satisfeitos com notas como 12 ou 13 valores. E sim, também não vou dizer que é “canja de galinha”; que é tão fácil como fazer contas de 1+1. Pela minha própria experiência, digo-vos que dá muito trabalho e causa muito stress; exige muita concentração nas aulas, muita pesquisa e muito estudo em casa. É cansativo e por isso é que, pelo menos eu, chego sempre ao último mês de aulas completamente estoirada e sem forçar; as épocas de exames requerem um esforço ainda mais acrescido; os testes/exames de consulta exigem muita pesquisa e organização (e extra-estudo). É bastante trabalhoso mas, no final, todo o esforço valeu a pena porque ele é recompensado e porque os nossos objectivos foram atingidos.
Quando eu comecei este ano, eu estava um pouco reticente em relação a algumas das cadeiras que iria ter pela frente. Não é que elas não fossem importantes ou de jeito, elas é que não se enquadravam bem no período histórico pelo qual me interesso mais. No entanto, acabou tudo por correr bem e, no geral, até que gostei bastante das cadeiras que fiz, algumas até mais do que pensei vir a gostar. E cada vez mais acho que fiz uma óptima escolha quando optei por fazer “Iniciação à Língua Latina” como opção. Não só consegui tirar como nota final 19 valores (o que é perfeito para aumentar um pouquinho da média final), como ela se revelou bem útil para outras cadeiras, em que tínhamos que lidar com registos em Latim.
No entanto, penso que neste ano nem tudo foi “cor-de-rosa”. É verdade que o ano correu bem, pelo menos academicamente, mas deu para me aperceber de uns aspectos que não são assim tão positivos. Se, no primeiro ano, eu tinha colocado o Ensino Superior quase num pedestal, este ano ele deu uma grande queda. Honestamente, este ano é que me apercebi que poucas são as diferenças entre o Ensino Secundário e o Ensino Superior. Tirando o facto de estar a estudar algo que realmente gosto (o que nem sempre era possível no Secundário) e do nível de exigência académica ser maior, estar no Superior ou no Secundário começa a ser a mesma coisa. E está-me a acontecer o mesmo que me aconteceu quando estava a fazer o Secundário. No 10º ano, tudo parecia um mundo novo e melhor que o Ensino Básico; cheguei ao 11º ano e apercebi-me que não o era; no 12º ano, só queria era mudar de ares e que o Secundário acabásse. E, infelizmente, acho que é por este caminho que estou a ir, outra vez. É que já não vejo o dia de acabar o curso. Sinto-me triste por sentir isto porque esperava que a experiência fosse ser melhor. Não que esteja a ser má, mas podia estar a ser bem melhor. Enfim. Mais uma vez estou a precisar de mudar de ares, conhecer outras realidades e de encontrar um meio académico em que sejamos mais valorizados.
E isto já para não dizer que as pessoas ainda parecem umas autênticas crianças. É que é completamente ridículo chegar-se a esta idade (18-30 anos) e haver pessoas que se comportam como se ainda tivessem 12 anos. Penso que já ultrapassámos as fases em que fazíamos birras e amuavamos, por tudo e por nada. Se já no Secundário achava que estes comportamentos estavam completamente desenquadrados com a nossa faixa etária, agora podem imaginar o que é que eu penso. Depois está claro, os casos de inveja ou de “dor de cotovelo”. Eu só digo uma coisa em relação a isto: em vez de estarem a mandar bocas, que tal irem às aulas e passarem mais tempo a estudar?
Para quem não sabe, eu estou a tirar o curso de Arqueologia na Universidade de Lisboa. Como eu costumo dizer, é um curso especial pois somos os únicos que temos “direito” a um semestre de Verão, enquanto que para o resto esta é apenas uma época de férias. O curso tem a sua parte teórica, como é óbvio, mas depois também temos 4 cadeiras que são práticas. Duas delas têm a ver com o desenho arqueológico e técnicas de documentação gráfica (podem ver alguns exemplos do que estou a falar aqui, aqui, aqui e aqui). As outras duas, têm a ver com trabalho de campo, ou seja, estas duas cadeiras envolvem a participação em escavações arqueológicas. As cadeiras têm o nome de “Trabalho de Campo e Laboratório I e II” – eu já falei desta cadeira no blog, mas costumo referir-me a ela como uma espécie de estágio. O que nós fazemos não é bem um estágio mas até que acaba por funcionar como tal, visto que, ainda em contexto académico, estamos a trabalhar (mas não somos renumerados de modo algum). Ambas as cadeira são obrigatórias e deverão ser feitas nos semestres de Verão do 1º e 2º anos do curso. No mínimo, temos de fazer três semanas de trabalho de campo mas um certo número de alunos acaba por fazer mais, como é o meu caso. O ano passado fiz sete semanas. E este ano ainda vou fazer mais semanas. É verdade que perdemos boa parte das nossas férias, ou pelo menos daquilo que podemos entender como uma altura em que não temos nada para fazer porque, de qualquer forma, estamos sempre de férias. Mas, por outro lado, é importante termos esta experiência de trabalho. Para sermos responsáveis por uma escavação não só precisamos de ter um Mestrado, como precisamos de ter, no mínimo, entre 26 a 30 semanas de trabalho de campo. Até ao momento, tenho num total 9 semanas (já tinha feito duas semanas de trabalho de campo antes de começar o curso) – por isso, ainda tenho um longo caminho a percorrer para chegar aquele mínimo.
Uma das coisas que nos é aconselhado é escavar com arqueólogos diferentes e em sítios de cronologias igualmente diferentes. O ano passado não o fiz, mas este ano já o vou fazer. Para ser mais fácil fazer a cadeira, as três semanas mínimas faço sempre num projecto de investigação da Universidade – que é onde estive o ano passado e para onde irei, em Setembro, este ano. Este sítio é de um período interessante – Calcolítico (podem saber mais aqui) – mas não é bem o período que eu mais gosto. Por isso, este ano decidi encontrar um projecto que se focásse no período que gosto – Paleolítico (podem saber mais aqui). E, assim, daqui a umas semanas irei embarcar na minha “aventura” deste Verão. É um período que não tem muita investigação em Portugal, por isso, a minha pesquisa centrou-se na Alemanha e em França, onde já há vários projectos de investigação. Os investigadores com quem falei foram super acessíveis e prestáveis, o que me dá pena de não poder trabalhar com eles todos. Enfim. No final, acabei por ser aceite numa escavação em França, exactamente para um dos meus sítios arqueológicos de sonho. Porque é neste período que eu, depois, vou querer focar a minha carreira, esta é também uma boa oportunidade para eu enriquecer o meu CV.
Dito isto, uma das ideias que tenho é fazer uma espécie de diário das semanas que irei estar em França. Não faço ideia o quanto é que poderei expôr sobre o sítio, mas até que seria uma oportunidade interessante para dar a conhecer a parte mais prática do meu curso, e talvez para algumas pessoas arrumarem, de vez, o Indiana Jones – nunca achei piada a estes filmes. Como é um tema que não se enquadra tão bem no blog – embora isto às vezes sejam uma pequena confusão de assuntos abordados -, pensei em criar um segundo blog para o dedicar exclusivamente a este “diário”. Porque o que aqui escrevo também é para vocês, gostava de saber a vossa opinião. E até partir para França, estava também a pensar fazer alguns posts relacionados, de certo modo, com a preparação de todas as coisas para a viagem e a estadia.
A minha intenção não era que este post ficásse assim tão grande, mas este acaba por ser, muitas vezes, o melhor lugar para deixarmos os nossos sentimentos exprimirem-se na sua totalidade. E é uma boa maneira de se irem partilhando experiências de vida.
Como é que vos correu este ano lectivo? Preferem que eu crie um novo blog para falar da minha experiência na escavação ou acham que este tema se enquadraria bem aqui?