Ensino Superior: Relatório de Seminário

Hoje trago-vos um post sobre o Ensino Superior. Acho que desde o primeiro ano que não fiz mais posts sobre este assunto, mas penso que o essencial ficou retratado neles. Eu não sei até que ponto o post hoje pode ser interessante para todos os alunos universitários (ou soon-to-be), mas penso que será interessante para alguns. Como podem ver pelo título, o post de hoje é sobre os relatórios de seminário.

Eu estava a dizer que não sabia o quanto interessante podia ser este post, porque eu não faço ideia se esta é uma realidade presente em todos os cursos, ou se só está presente nalguns. A verdade é que este relatório pode ter várias designações: na minha faculdade, a cadeira correspondente denomina-se como “seminário“, daí designarmos este trabalho como relatório (ou tese ou dissertação) de seminário; noutros cursos ou faculdades pode ser totalmente diferente. O certo é que, independentemente da sua designação, este trabalho constitui-se como uma espécie de conclusão da licenciatura e como uma preparação para o que serão as teses de Mestrado, Doutoramento e afins (pelo menos, para quem as irá fazer). Porque este trabalho não é igual para todos os cursos, este post irá ser baseado na minha experiência no curso de Arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Por este motivo, o mais normal é que seja diferente dos vossos cursos (ou soon-to-be), mas ficam já com uma ideia geral do que vos espera.

Começando pelo início, eu suponho que este trabalho irá corresponder sempre a uma cadeira, para que possa ser avaliado e a nota faça parte do vosso currículo académico. Por um lado, pode ser só uma cadeira semestral (como por exemplo acontece no caso de Geografia). Ou por outro lado, podem ser duas cadeiras semestrais (como foi no meu caso). E depois, por um lado, pode ser a única cadeira que fazem nesse semestre (como o caso de Geografia). Ou podem, por outro lado, fazer essa cadeira em conjunto com outras, como é normal durante os outros anos. Honestamente, quem me dera que não tivesse de ter feito outras cadeiras ao mesmo tempo; é que assim tinha despachado logo isto em Maio (e não em Julho). Outro aspecto importante é o prazo de entrega do relatório. Isto é que diferencia de curso para curso. Eu penso que na maior parte dos casos, o prazo acaba quando as aulas acabam, o que na verdade é também o nosso caso. Mas no meu curso é hábito pedirmos, ao conselho académico, um prolongamento do prazo de entrega. Este prolongamento pode ser até Julho ou até Setembro (como pedimos este ano e como se tem pedido nos anteriores). Os prolongamentos são sempre aceites por isso é já quase uma garantia, pelo menos no nosso caso. Como podem ter lido, eu entreguei o meu relatório em Julho (ou seja, mês e meio antes do prazo) por motivos que me são superiores e porque o director do curso aceitou dar a minha nota mais cedo. E digo isto porque em estando o prazo estabelecido, é apenas nesse dia que se pode entregar o trabalho; nem mais tarde nem mais cedo.

dissertação
No que diz respeito ao trabalho em si, este como é óbvio difere muito, pois os cursos são demasiados únicos para haver semelhanças entre eles. No caso do curso de Arqueologia, este trabalho pode ser unicamente teórico, ou então teórico-prático (que é capaz de ser a escolha mais frequente). No caso dos trabalhos teóricos, por exemplo, um aluno pode optar por fazer um apanhado geral de determinados registos arqueológicos, numa região ou num período especifico. Eu não quero ser má (de modo algum), mas este é bem capaz de ser uma opção mais fácil, pois basicamente resume-se à recolha e análise de bibliografia. Porém, às vezes, esta recolha de bibliografia não é assim tão simples. Por sua vez, os trabalhos teórico-práticos (como eu fiz) exigem muito mais trabalho. Em primeiro lugar, há também uma recolha e uma análise de bibliografia, pois nesta área é fundamental termos bases comparativas e também para argumentar. E em segundo lugar, temos a análise de materiais arqueológicos (sejam estes cerâmica, metal, osso ou líticos – aquilo a que commumente se pode chamar pedra). Neste tipo de trabalhos temos duas situações diferentes: os alunos que têm a sorte de terem as colecções em que vão trabalhar nas suas faculdades; e os alunos que têm o azar de terem as suas colecções em museus. E este último foi o meu caso. Não que eu não achasse piada a estar a trabalhar num museu (ainda por cima no museu que era), mas passei basicamente um semestre inteiro a ver se as burocracias se despachavam. E isto já para não dizer que o museu não ficava assim tão a jeito (em termos de distância – era quase ir de uma ponta da cidade à outra). Por último, este trabalho (tal como as teses de Mestrado e afins) também tem um limite de páginas: 50 (pelo menos é assim para o meu curso). Penso que temos uma tolerância de umas 2 páginas mas é só isso. Por este motivo é que nós metemos parte do nosso relatório em anexo (estas páginas não contam para o limite), mas claro, apenas a informação adicional que não necessita de estar no corpo principal do trabalho.

Apenas para ficarem com um exemplo, eu posso falar-vos um pouco sobre o meu relatório de seminário. Como já disse acima, eu fiz um trabalho teórico-prático, o que envolveu a análise de uma colecção de 124 peças (nós não temos um limite mínimo de peças, mas penso que convém que seja mais de 50). Dependendo do estado em que está a colecção de materiais, esta análise pode também envolver a lavagem das peças, a sua marcação e inventariação. Isto para além da análise em si. Os materiais são descritos e caracterizados e, depois, é feita a recolha dos dados estatísticos, a partir dos quais se elaboram as ilações possíveis acerca da nossa colecção. Mais especificamente, no meu caso, eu estive a estudar uma colecção previamente estudada, mas apliquei-lhe uma abordagem diferente. O objectivo final era fazer uma comparação entre as duas metodologias de estudo. Eu sei que me queixei várias vezes do trabalho que isto tudo me estava a dar, mas a verdade é que andei mesmo sem força de vontade neste ano, especialmente no segundo semestre. E ainda há que acrescentar que quem faz este tipo de trabalho, em que se analisam peças, nós também as temos que desenhar (e honestamente esta parte não é nada agradável, já para não dizer que é bem demorada).

Eu penso que abordei os pontos principais, mas se tiverem alguma dúvida ou curiosidade é só deixarem na secção de comentários deste post. Como conselho para este trabalho, só vos digo que quanto mais depressa começarem a trabalhar nele, melhor é, porque quando tudo se começa a acumular, aí é que sai borrada.

9 thoughts on “Ensino Superior: Relatório de Seminário

  1. mafaldamusic says:

    Olá. Vou este ano para a universidade e não faço a mínima como me organizar em termos de material escolar. Caderno ou dossier? Levar um caderno para cada cadeira? Podes fazer um post com algumas dicas?
    Obrigada (:

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    • Maria says:

      Olá. Eu usava um caderno A5 para tirar apontamentos durante as aulas. Usei sempre um para todas as cadeiras, identificando sempre muito bem as aulas, para não misturar apontamentos. E depois passava a limpo tudo o que tivesse escrito em folhas soltas, organizando-as em dossiers. Ao longo da minha licenciatura eu fiz uns quantos posts sobre este assunto. Eu deixo-te os links: link1; link2; link3; e link4. Espero que estes posts te ajudem. Se tiveres mais alguma dúvida, é só deixares nos comentários.

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  2. Cátia Reis says:

    Olá! Obrigada pelo elogio!
    Eu acabei a licenciatura este ano, mas apenas tenho de realizar a tese no final do mestrado…que medo, é tanto trabalho que até já ando assustada. Beijinhos.

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  3. Blackbird says:

    No meu caso não se chamava seminário mas também tive esse trabalho para fazer. Tinha exatamente os mesmos créditos que uma disciplina normal, foi semestral, no último semestre da licenciatura e muitoooo trabalhoso!

    R: Sim, entrei naquele mestrado que queria. E quanto à imagem, o edifício que aparece iluminado, no fundo, faz parte do campus da universidade, foi por isso que a escolhi 🙂

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